Foto: Cristiane Silva |
A mãe, empregada doméstica; o pai, padeiro. A vida, humilde, comum a de outras tantas milhares de crianças nascidas no município de Limoeiro, a 65 quilômetros do Recife. O futuro, porém, acenou diferente desde muito cedo para Everton Felipe. Talentoso com a bola nos pés, o menino precisou virar homem mais cedo que os colegas de escola. Precoce, disse adeus à família aos 12 anos para morar “sozinho” no Recife. Precoce (sempre!) ganhou destaque no futsal do Náutico, logo depois nas divisões de base do Sport e assim segue sendo no profissional do Leão. “Se os mais velhos bobearem, esse menino vira titular logo, logo”, disse o técnico Geninho. Algo normal. Não para um adolescente de 16 anos.
“Cheguei com 13 anos ao Sport, no dia 18 de março de 2011, quem me trouxe para cá foi o Fernando Lassalva e esse dia foi o dia mais feliz da minha vida”, relembra o Everton Felipe, com uma retórica digna de treinador de futebol. “Estava tudo planejado, mas eu não sabia que seria tão rápido”, afirmou. “Se eu entrar no time, vou jogar com alegria. Futebol para mim é uma brincadeira, mas com responsabilidade.”
A maturidade do atleta já gerou elogios informais de Geninho. Além, claro, de muitas instruções. Em um treino coletivo esta semana, Everton, habilidoso, levou uma chegada forte, dupla, de Rithely e Marcelo Cordeiro, após uma jogada de efeito. Em vez de elogios, recebeu um sonoro “esporro” do treinador. “As orientações dele são para não deixar de jogar da minha maneira, só parar de exagerar um pouco nos treinos, pois nenhum jogador gosta de levar drible de um cara com 16 anos. Então, ele pediu para que eu não exagerasse muito para não levar porrada”, disse.
2018
Destaque nas categorias de base, onde já faturou o Campeonato Pernambucano e sagrou-se artilheiro da Copa Bahia, Everton é a grande promessa do Sport desde Juninho Pernambucano. Já despertou atenção de clubes como Internacional, Grêmio, Botafogo e Santos. Tanto que levou a diretoria do Leão a fazer um contrato com ele até 2018. “O Sport me deu todo o equilíbrio que eu precisava, com psicólogo, assistente social. E eu não poderia jogar fora tudo que me deram. O pessoal confia em mim e estou no profissional onde vou ficar, dar títulos à torcida e pensar em sair só lá na frente”, pontuou. A multa rescisória da promessa não é revelada pelo Leão.
Entrevista
Folgado?
“É minha característica, o meu apelido aqui no Sport é ‘folgado’. Mas eu vou tentar não mudar o meu jeito, mas nos treinos não posso exagerar. Tenho que respeitar os meus companheiros, mas nos jogos tentar fazer o que eu sei.”
Bolsista
“A minha vida começou na escolinha de futebol de Limoeiro e acabei ganhando uma bolsa da professora Socorro Souza, na Escola Beatriz França. Foi o pontapé inicial. Nunca vou esquecer das pessoas que me ajudaram. Meus pais não tinham condições de pagar um colégio particular. Devo tudo a Socorro e onde eu puder falar dela eu vou falar. Se eu cheguei aqui, é por causa dela.”
Experiência no profissional
“Aqui é outra maturidade, os caras já têm experiência, já são rodados e passam uma confiança a mais. Sou jogador de base, tenho idade de base, mas no profissional é tudo diferente. A maneira de jogar, de falar, de agir, as atitudes são diferentes, a cobrança é maior. Mas é muito bom.”
Seleção
“Na base, eu tive em uma pré-lista do professor Alexandre Gallo duas vezes e não fui chamado. Todo jogador sonha em chegar à Seleção e graças a Deus para mim está mais perto do que longe. Mas primeiro a titularidade no Sport para depois pensar em Seleção.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário