domingo, 1 de dezembro de 2013

A história de Deibson: portador de doença rara e rubro-negro de coração

Foto: Brenno Costa

Por SuperEsportes

O relato era para ser de tristeza. Mas não. É de superação. Deibson Pereira é o mais velho dos quatro filho de Jeane. Era uma criança perfeita, como a própria mãe diz, até chegar aos 13 anos de idade e um pesadelo tentar lhe derrubar. Ele teve uma parada cardiorrespiratória. Ficou sem andar, sem ver e sem falar. Era muita dor para a família. Forte, o garoto lutou. Persistiu. Venceu. Dez anos depois, Deibson varria com os olhos a Ilha do Retiro cheia. Estava sentado no colo da irmã. Era a primeira vez que visitava o estádio de futebol. Foi um sonho realizado.

Deibson não fala e nem anda. Mas não presiva usar de tantos gestos ou palavras para expressar o que estava sentindo. O sorriso estampado no rosto era o simples e o necessário. "Ele não está acreditando. Ele ficou pasmo. Está se sentindo o rei da festa", disse Jeane. Era o contato mais próximo que o garoto teve com o time de coração. Não a emoção mais forte.
Foto: Lindainês Santos/Futuro Sport

Uma semana antes, ele foi receber os jogadores que conquistaram o acesso à Série A no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Juntou-se aos 50 mil rubro-negros. A limitação física não foi motivo de qualquer tipo de desculpa. "Ele acordou de manhã cedo e já estava desesperado para ir. Eu fiquei com medo por conta violência, mas eu levei. Fomos de ônibus, mas vários motoristas não quiseram levar porque disseram que estavam com os elevadores quebrados. Até que um grupo de torcedores ajudou colocando ele dentro do ônibus. Depois, fui caminhando com ele até o viaduto Tancredo Neves. Fui comprando água, colocando para ele beber e jogando no corpo dele", lembra a mãe.

No meio do mar vermelho e preto, Deibson era só sorrisos - algo que parece marcar muito a sua personalidade. Ele, inclusive, foi visto de longe pelos jogadores rubro-negros. "Nós colocamos ele no braço. Lá do ônibus, os jogadores viram. Erico Junior e Toby apontaram para ele. Ele ficou muito feliz", conta Jeane. Durante a comemoração, ele foi registrado pelo Futuro Sport, página que resgata momentos históricos do clube. Em seguida, através do programa do clube Leão Solidário, acabou em um dos camarotes para ver a partida contra o Paysandu.

O jogo termimou em 0 a 0, mas esteve longe de frustrar a quem está sempre sorrindo, mesmo sem saber ao certo a doença que tem. Segundo Jeane, uma das médicas que cuida do garoto suspeita que ele sofre da Doença de Addison. Um mal que afeta duas pessoas a cada 100 mil. Ela faz com que as glândulas adrenais, localizadas acima dos rins, não produzam hormônio cortisol e, em alguns casos, a aldosterona, em quantidade suficiente. Com isso, o garoto não se desenvolve da maneira comum.
"Depois da parada, só quatro dias depois, foi quem suspeitaram dessa doença. Tivemos que colher o sangue e ele foi enviado para o Rio Grande do Sul. Não tive o resultado desse exame. Me parece que perderam. A médica dele daqui desconfiou da doença porque, quando ele estava na crise, ele ficou com a pele muito mais escura. Agora, ele tomou um corticóide que acabou clareando", diz Jeane.

Ela ainda lembra que, durante a crise, Deibson ainda chegou a perder a memória. Depois, conseguiu recuperá-la. Pode, assim, manter intacto na memória a sua paixão pelo clube. "Ele já gostava antes do Sport. É o time dele de coração. Ele comemorava muito quando saía um gol quando a gente morava lá na Ilha de Deus", afirma a mãe... também aos sorrisos. O melhor remédio.

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