terça-feira, 5 de março de 2013

Júlia mudou a forma como enxergo o mundo, revelou o atacante Roger


Simpática, extrovertida e paciente. É dessa forma que o atacante do Sport, Roger, define a filha mais velha, Júlia, que tem seis anos e uma fé que ultrapassa as barreiras do conhecimento. "Ela mudou a minha vida, a nossa vida. Me transformou em humano. Deixou-me mais sensível ao enxergar o problema dos outros", pontuou o jogador, sobre a mudança de comportamento após o nascimento da pequena.

Júlia nasceu com displasia septo ótica, uma atrofiação das estruturas do cérebro que compromete a visão, funções hormonais e os movimentos do corpo. A doença é rara e característica em crianças e adolescentes. Na pequena Júlia, porém, ela surgiu com uma especificidade ainda não explicada pelos médicos. Quem sofre de displasia geralmente tem várias complicações (hormonais, corporais, etc.), mas na filha de Roger a deficiência é só na visão.

Para tentar curá-la, a família já fez tudo o que foi possível: 30 médicos já foram consultados em São Paulo, Campinas, Salvador, Recife e até na China. "Em 2009 fomos à China realizar um tratamento experimental com células-tronco, mas o resultado foi mínimo. Outros médicos já fizeram vários exames, mas não identificaram o porquê de ela ter essa deficiência na visão. A viagem com tudo incluso custou cerca de R$ 150 mil. Graças a Deus que temos condições para tentar. Tenho consciência que já fiz tudo que estava ao meu alcance, agora é com Deus", contou.

Infelizmente na semana passada um rubro-negro mencionou o problema de Júlia ao tentar justificar a má atuação do Sport diante do Serra Talhada (na vitória por 3x2 sobre o time do Sertão). "É cego igual a filha", vociferou o torcedor. O comportamento inadequado dele culminou em uma série de demonstrações de carinho para com Roger, que ficou chateado com a atitude do torcedor, mas o perdoou de imediato.

Alheia ao que acontece, Júlia vive uma rotina feliz ao lado da família que ama. O clima na residência onde mora é só alegria. A pequena brinca, pula sozinha, pula nos braços do pai e da mãe, chama o irmão mais novo para participar da farra. "Ela não para", constatou a mãe Elizabeth. É verdade. Júlia tem uma energia típica de criança contente. E é justamente a simplicidade da alegria da filha que faz Roger seguir em frente, com fé, para buscar a cura da filha que ama.

Bom momento no Sport

Esta é a segunda passagem de Roger pelo clube rubro-negro pernambucano. Antes, ele defendeu o Leão em 2008 e 2009, quando o time conquistou o tetracampeonato e a Copa do Brasil. O retorno do atleta foi confirmado no último dia 3 de janeiro, de lá para cá ele já atuou em cinco partidas e fez três gols. O saldo ainda é pequeno comparado ao artilheiro do Estadual, Elton, que soma oito tentos. Entretanto, o jogador apresenta uma adaptação rápida ao novo elenco do Sport aliada à evolução nos jogos.  

Por sua vez, Roger falou que está satisfeito com o momento dele no time, em particular, e com a chance de a partir de agora o Sport crescer na competição. "Eu estou me sentindo feliz, mais maduro do que da outra vez que estive aqui. Eu amo o Sport, amo o Recife e não falo isso porque estou conversando contigo. Porque eu joguei no Vitória, gosto do Vitória, mas não gosto de Salvador", observou o atacante, que revelou que os pernambucanos têm algo de diferente, que acaba atraindo os que vêm de fora.

Sobre a artilharia, o jogador não acredita que seja um dos favoritos ao homem-gol da vez, embora ele ambicione a marca. "Não sei se serei o artilheiro. Eu prometo, eu quero buscar esse objetivo na minha carreira. Mas antes de ser artilheiro, quero ajudar o Sport a voltar a conquistar um título estadual. Isto é mais importante do que a questão individual", revelou.

Confronto para se firmar no Pernambucano

O Sport não ganha um título desde 2011, quando foi derrotado na final do Campeonato Pernambucano pelo Santa Cruz. Após a decepção, o Rubro-negro voltou à Série A, conduziu uma campanha fraca no Nacional e acabou caindo para a Série B. A eliminação precoce na Copa do Nordeste também não estava nos planos do Leão e o fato culminou em crise interna que dura até hoje. O torcedor rubro-negro não estava acostumado com tantas infelicidades seguidas.

Apesar disso, Roger acredita que agora o time comandado pelo  técnico Vadão encontrou um rumo e vai crescer na competição. A vitória sobre o Central por 1x0 e os dois jogos consecutivos na Ilha do Retiro (contra o Pesqueira e Porto) vão ajudar na boa sequência. "Estes são jogos para se firmar. O Sport tem elenco e força para isso. Chegou o momento da gente caminhar rumo ao título".

Experiente quando o assunto é promover a felicidade dos rubro-negros, Roger revelou que não reconhece o "novo" torcedor do Sport. Na opinião dele, aquele amor incondicional responsável por colocar o time para frente, mesmo na derrota, não existe mais.  "Eu lembro da força do torcedor. Era de arrepiar. Era praticamente impossível para qualquer adversário vencer o Sport dentro da Ilha. Eu me recordo muito daqueles momentos e fico surpreso por não encontrar  mais esse sentimento", confessou Roger. "As vaias por pouca coisa, as críticas tornaram a torcida do Sport igual a todas as outras. O diferencial do amor incondicional não existe mais. Mas eu ainda acredito que tudo vai voltar como era antes e, juntos, vamos viver muitas felicidades no clube", concluiu.

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