domingo, 15 de julho de 2012

Ex-baladeiro, Gilberto espera fazer sucesso com a camisa do Sport


Gilberto em sua apresentação(Foto:Aldo Carneiro/Pernambuco Press)


Rápido, habilidoso e dono de um ótimo poder de finalização. Foram com essas características que o atacante Gilberto conquistou a torcida do Santa Cruz em 2011, ao ajudar o Tricolor a sagrar-se campão Pernambucano. Qualidades que também fizeram o Internacional apostar em sua contratação ainda naquele ano. Contudo, se dentro de campo o centroavante era dono de uma grande desenvoltura, fora das quatro linhas a história era outra.
(Foto:Autor não informado/Agência Estado)


Tímido, introspectivo e com uma enorme resistência na hora de conceder entrevistas, o atleta sentiu o peso de se transferir para um clube repleto de estrelas como o Internacional e acabou perdendo espaço. Principalmente por ter como concorrente direto ninguém menos que Leandro Damião.

A falta de oportunidades no Colorado fez Gilberto ter uma certeza: tinha que buscar outro clube para retomar a carreira. E, por uma daquelas coincidências do destino, o atacante acertou justamente com aquele que um dia foi sua vitima preferida, o Sport.

- Não via o Sport como inimigo, mas tinha que fazer gols. As finais do Pernambucano foram muito importantes para minha carreira, mas agora vou jogar com a camisa do Sport.

Se a timidez foi um empecilho durante a sua passagem pelo Beira-Rio, o mesmo não deverá acontecer na Ilha do Retiro. Seguro, eloquente e brincalhão, Gilberto garantiu que chegou ao Rubro-negro para aniquilar a má fama da camisa 9 do clube, que nos últimos anos sofre para encontrar um artilheiro.

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM/PE, Gilberto fala do início de sua carreira, da sua passagem pelo Internacional, comenta como a vida fora das quatro linha o atrapalhou e revela que seus sentimentos não mudaram.

Gilberto, boa parte dos jogadores costumam carregar um passado de dificuldade e alguns até tentam fazer um marketing com isso. Como você avalia o seu início de carreira?
- Não tem muito como fugir desse passado de dificuldades. Sou do interior das Alagoas (cidade de Piranhas) e minha família sempre foi pobre. Mas não vejo nada demais nisso. Na minha carreira, assim como a de muitos jogadores, já tive que dormir no chão em algumas concentrações, mas isso é norma. Quando cheguei no Santa, em 2007 deu uma melhorada.

Apesar de ter chegado ao Santa em 2007, você só veio fazer sucesso com a camisa do clube em 2011. O que lhe fez demorar tanto a render?
- Quando cheguei ao Santa Cruz fiz três partidas nos juniores e fui chamado para os profissionais. Então, creio que isso subiu à cabeça e acabei perdendo o foco. Foi tudo muito rápido e não consegui segurar a situação. Também não pude contar com ninguém da minha família e isso fez com que eu me perdesse um pouco e tive problemas.

Geralmente, quando jogadores falam que tiveram problemas, é algo ligado a sua vida pessoal. Foi o seu caso?
- O que aconteceu foi coisa de moleque. Tinha 17 anos e cheguei ao Recife sem conhecer praticamente ninguém. Minha família morava longe e acabei me deixando levar por má influências. Aí, sempre são as mesmas situações, sair, balada... Mas consegui entender que isso não me levaria à lugar algum e consegui focar na minha carreira. Hoje minha vida é jogar vídeo-game, ver filme e ficar com minha família. Balada não leva você para canto nenhum.

Em 2011 você era reserva do Santa Cruz e acabou sendo o grande destaque da equipe. O que mudou do começo do ano até a conquista do título?
- Eu queria vencer. O Zé me passou isso, todos me passavam isso. Que eu tinha potencial, que eu tinha condições. Então botei na cabeça que seria artilheiro e fui fazendo os gols. Tínhamos um grupo muito forte e uma comissão técnica muito boa. Então, conseguimos. Não me sinto melhor do que ninguém naquele grupo.

O título lhe levou ao Internacional, mas você acabou não vingando com a camisa do Colorado. O que faltou para você se destacar lá?
- Difícil eu já sabia que seria. Mas não tive oportunidade de mostrar meu potencial. Até porque o (Leandro) Damião estava fazendo gols de todas as formas e não tinha como tirar ele do time. Além disso, você acaba sentindo a mudança. O Santa Cruz é um clube grande, mas ainda não se pode comparar com o Internacional. A estrutura é outra, a cobrança é outra e tive dificuldades para assimilar as mudanças. Aí, acabei me prejudicando um pouco.

Foi por conta da falta de espaço que você decidiu acertar com o Sport?
- Eu precisava voltar ao Recife. Eu tinha que colocar minha cabeça no lugar novamente e precisava desse processo de amadurecimento. Saí de um clube que estava disputando uma divisão inferior e fui para o Internacional, que ganhou tudo nos últimos 10 anos. Então, tinha que jogar e mostrar meu potencial e, para que isso acontecesse, eu escolhi um time de Série A.

Você também teve propostas do Náutico, que também é da Série A. Por que justamente o Sport, que é o maior rival do clube que você acabou se transformando em ídolo?
- A situação com o Náutico sempre foi especulação. Proposta eu tive do Sport e chegou o momento que eu e meu pai decidimos que estava na hora de voltar. Sou profissional e minha carreira precisava disso. Então, acertei com o Sport, que certamente irá brigar pela posições de cima na tabela.

Durante a sua apresentação, você afirmou que seu pai definiu que seu destino seria o Sport e você veio. Isso significa que você não escolhe onde jogará?
- É 50% para cada lado. Ele avalia tudo e me mostra. Aí, chagamos a um acordo. Até porque quem vai jogar sou eu. Mas não vou sem vontade para lugar algum.

Como você espera a reação da torcida do Santa Cruz, que sonhava um dia lhe ver de volta ao clube?
- Será difícil com as duas torcidas. Até porque existem mágoas. Os torcedores do Santa pela identificação com o clube e os do Sport pelo meu passado lá. Mas como venho falando, sou profissional, esse é meu trabalho. Todo mundo pode mudar de emprego e eu precisava voltar para o Recife e queria jogar na Série A.

Nas suas entrevistas você está destacando seu lado profissional. Arrependeu-se de ter falado que nunca jogaria no Sport?
- Como profissional nunca deveria ter falado, mas falei. Foi algo que ocorreu no passado e pretendo viver o presente e o futuro.

Por falar em futuro, como imagina um reencontro entre os clubes, agora com você no lado rubro-negro?
- No futebol você deve ser profissional. Respeito muito o Santa Cruz e a melhor forma de demonstrar isso é mostrando o meu potencial. Assim como respeito a torcida do Sport, que estará esperando a vitória. Mas, principalmente, respeito o clube que estou defendendo e minha carreira. Nunca faltei com respeito a nenhuma torcida e nunca faltarei. Não sei se comemoraria um gol, pois ninguém é besta e sabe que o Santa foi o clube que me projetou, mas certamente vou fazer o melhor.

Antes de ir para o Internacional você era bastante tímido e não gostava de dar entrevistas. Agora você parece bem seguro, o que mudou?
- Aprendi muito no Internacional. Lá os jogadores mais experientes sempre falavam que eu tinha que aparecer mais, conversar mais e me mostrar. Aí, fui vendo eles e fui aprendendo a ter mais segurança. Posso não falar bem, mas sei me comunicar.
(Foto:Wesley Santos/Futura Press/Agência Estado)


Mesmo não tendo muitas oportunidades no Internacional você parece ter gostado da experiência no clube. Acredita que a saída do Colorado irá prejudicar o seu futuro?
- Todo mundo gosta de jogar no Internacional, é um clube bem estruturado. Mas não vejo minha saída de lá como algo ruim. Era necessário para o meu futuro.

E o que você espera do futuro?
- Meu desafio é chegar à Seleção. Mas se isso não ocorrer, quero conseguir ter uma vida estruturada e dar boas condições aos meus pais.

Para chegar a Seleção você terá que superar a “maldição” da camisa 9 do Sport. Nos últimos anos nenhum atacante conseguiu se destacar no clube. Você teme esse retrospecto?
- Não. Como falei cheguei para fazer gols e vou fazer. Camisa é só um número e isso não interfere nada no meu futebol. Vou entrar em campo e dar o meu máximo. Certamente essa situação vai acabar.

Então sua meta é ser ídolo da torcida rubro-negra?
- Quero desempenhar bem o meu papel. Sei que existem as desconfianças, mas espero conseguir mudar isso quando começar a jogar.

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